sete (mil) vidas
- Fernanda Stocche Barbosa
- Jun 9
- 2 min read
quantas vezes se precisa morrer pra se viver de verdade?
quantas vidas dentro dessa eu já tive e já perdi.
quantos abandonos de mim mesma
quantas desistencias
quantos sonhos nascem, quantos crescem
todos morrem?
quanto mais envelheço penso que me torno eu mesma a medida que me enfraqueço de mim, que desisto do sim e que aceito os nãos
mas viver é uma constante troca do que se foi pelo que se é - que dura pouco, porque sempre queremos o que está por vir, o que é inatingível.
me encontro hoje nesse instante num nem lá nem cá insuportável.
numa nuvem cinza de fumaça
num sonho de que nao acordo
um labirinto que eu mesma criei com charadas das quais esqueci a saída.
um engima fácil de se resolver de longe. mas quase impossível de se entender quando se aproxima.
ninguem é normal. de mto perto.
conto e reconto minhas dores que se misturam com as dores do outro. quero amar, quero a troca. o outro é minha religiao, porque me fascina e me ensina de mim,
me perco em vocês todos. me delicio nesse caos mas depois morro.
estou morta. mas nao estou no ceu. estou viva mas nao aqui.
há um teimoso fio de esperança de que tudo fique bem, que a dor se vá, que a chuva passe e se possa ver tdo claramente. há uma criança em mim que ainda sonha.
há também uma voz que me sussura que somos almas mundanas que perambulam pelas cidades perdidas.
e qual é a fernanda? as duas pessoas. fernanda pessoa. pessoas.
se eu pudesse ir num cartorio agora mudaria meu nome pra esse. se eu pudesse agorinha mudaria meu signo, meu endereço, meu tipo sanguineo.
eu me amo, acredite, mas nao suporto minha propria existencia mais no meu proprio corpo.
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