tropeçava nos astros desastrada
- Fernanda Stocche Barbosa
- Apr 11
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tropeçava nos astros desastrada
meus tropeços me ferem os joelhos, me ralam as palmas, me desnorteiam
tem tropeços que me deixam no chao, a comer poeira, fazem metade do que em mim é inteira
me partem, repartem, cortam e recortam - um dançar errante de sal e vida
há tropeços que por um triz nao me fizeram da poeira o pó e eu de tao só
pensei nao poder mais me encontrar nas migalhas de pao do caminho da maria e do joao
mas todos eles, ou melhor, alguns deles, ou pelo menos boa parte deles, enfim - alguns tropeços me jogaram adiante
mesmo desastrada
uma tola invertida
uma criança caída
a frente do que pode entender
muitos tropeços foram voos alçados ainda que desesperados
pra muitos vindos de um amargor desenfreado
mas que ainda me levaram pra mares nunca dantes navegados.
desconheço boa parte do que ha em mim engendrado, coisas que espero poder ser misturado com o passado
que tambem não é verdade nem tampouco imaginado - o presente que tanto buscamos não existe sem os dois.
desconheço e desconfio que em algum lugar enterrado há alguem que sabe mais de mim do que nenhum.
é essa que ouço nos meus sonhos, nos sussurros, rabiscos, nas palavras que nao sei o significado
e no entanto sabe mais de mim do que nenhum
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