uma febre de algo quase bom
- Fernanda Stocche Barbosa
- Mar 18
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comé que faz?
comé que faz quando tá tudo explicado, tá tudo desenhado, teorizado. é tudo tão na lata, preto no branco, pão pão, queijo queijo.
o que é óbvio pelos olhos do outro é refresco.
comé que faz quando mesmo assim persiste, perdura, insiste e não cura?
comé que faz quando cê estuda, cê entende, joga tarô, minha gente...
o que é que fica, que implica, desliga e não liga?
é saudades de quê? do pesar? pesar de quê - da minha insustentável leveza- é saudades do que preenche? enche de quê? de algodão, de vapor, bolinha de isopor - que nem um ursinho vagabundo esperando ser escolhido, recolhido - com seus olhinhos tristes e estatelados e a pelúcia grossa rosa chiclete cansada.
aquela poeira fosca que sobe da estrada queimando do parque de diversões, o neon lilás piscando, o traço do meu batom - são souvenirs de um verão, uma febre, um arrepio de algo que era sempre quase bom.
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